O procurador-geral da República, Roberto Gurgel, opinou pela cassação
do mandato da governadora do Maranhão, Roseana Sarney (PMDB), e do vice
dela, Washington Oliveira (PT), em parecer enviado ao Tribunal Superior
Eleitoral (TSE).
O parecer foi assinado no último dia 30 de julho e divulgado nesta
quarta-feira (7). Na avaliação do procurador, Roseana firmou contratos
com intenção eleitoreira para prejudicar campanhas adversárias.
A governadora Roseana Sarney responde a uma ação no TSE por suposto
abuso de poder econômico na campanha eleitoral de 2010, quando tentava a
reeleição - ela assumiu em 2009 após a cassação de Jackson Lago por
compra de votos. O autor da ação é José Reinaldo Tavares, ex-governador,
ex-ministro dos Transportes e ex-aliado da família Sarney.
om o parecer do procurador, o plenário do TSE já poderá julgar a ação, em data a ser definida.
Em 2010, Tavares concorreu a um mandato de senador pelo Maranhão por
uma chapa de oposição ao grupo de Roseana, mas foi derrotado - ele
terminou a eleição em terceiro lugar.
No processo, ele argumenta que a governadora, reeleita em 2010,
celebrou convênios "com desvio de finalidade" às vésperas do período
eleitoral, distribuiu bens por intermédio de programas sociais não
previstos anteriormente e fez gastos de campanha não contabilizados, o
que, segundo Tavares, caracterizou a prática de caixa dois.
Nota do governo
Em nota divulgada na noite desta quarta, a Secretaria de Estado de Comunicação Social do Maranhão informou que a governadora ainda não tomou conhecimento do teor do parecer do procurador-geral da República porque está em São Paulo, onde o pai, o senador José Sarney (PMDB-AP) está internado.
Na defesa apresentada ao TSE, o advogado de Roseana Sarney argumenta
que Tavares não tem legitimidade para questionar o mandato da
governadora, "seja por ausência de interesse direto, seja na condição de
mero eleitor".
A defesa afirma ainda que nenhum convênio foi celebrado em período
eleitoral e que o programa de distribuição de casas populares estava
previsto em lei e em execução orçamentária desde o ano anterior.
Parecer
Para Gurgel, houve irregularidade em contratos firmados pelo governo do Maranhão.
Para Gurgel, houve irregularidade em contratos firmados pelo governo do Maranhão.
"No caso em exame, não se pode afirmar que a celebração dos convênios
constituiu ato normal ou regular de governo. Houve, na ação
governamental, um desbordamento. Quase todos os convênios e
transferências aos municípios, no ano de 2010, foram realizados no mês
de julho (período vedado). Essa ação tinha um objetivo claro e imediato:
interferir no processo eleitoral em curso e beneficiar as candidaturas
dos recorridos", afirma o procurador no parecer.
O procurador afirma ainda que Roseana transferiu "recursos
elevadíssimos aos municípios, especialmente no mês de junho e nos três
dias anteriores à convenção [que definiu o nome da governadora para
concorrer à reeleição]".
"Para se ter uma noção mais exata, no mês de junho houve a celebração
de 979 convênios envolvendo recursos na ordem de R$ 391.290.207,48",
destacou Gurgel. Segundo ele, do total de convênios, 670 foram
publicados três dias antes da convenção partidária, no valor de R$ 165
milhões.
Gurgel afirmou ainda que durante o ano de 2010, o governo de Roseana
efetuou transferências a municípios maranhenses que somaram R$ 407
milhões contra transferências de R$ 160 milhões no ano anterior.
"Pelo elevado número de convênios assinados pelo agente público e o montante dos recursos financeiros transferidos a dezenas de municípios, em período tão curto do processo eleitoral, pode-se afirmar com segurança que houve abuso do poder econômico e político apto a comprometer a legitimidade da eleição e o equilíbrio da disputa."
"Pelo elevado número de convênios assinados pelo agente público e o montante dos recursos financeiros transferidos a dezenas de municípios, em período tão curto do processo eleitoral, pode-se afirmar com segurança que houve abuso do poder econômico e político apto a comprometer a legitimidade da eleição e o equilíbrio da disputa."
G1 Maranhão
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