O recuo da inflação e as quedas das taxas de juros elevam o otimismo de recuperação da economia brasileira dentro do governo para o ano. A expectativa da equipe econômica é de que, ao final do último trimestre de 2017, o Brasil esteja crescendo a um ritmo de 2% em relação ao mesmo trimestre de 2016.
O secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda, Fabio Kanczuk, afirma que as riquezas do País deve apresentar crescimento já nestes primeiros três meses de 2017. "O ponto da virada parece ter sido em dezembro”, diz.
A Fazenda vem mapeando a intensidade do “vigor” da retomada nesses três meses. Até o momento, a pasta já identificou pelo menos cinco importantes sinais de que o período de recessão econômica, que atravessou 11 trimestres consecutivos, está ficando para trás.
O ministério comandado por Henrique Meirelles aponta que esboçam reação os setores de agronegócio, com uma safra recorde; automobilístico, com a normalização dos estoques; de bens não duráveis, com o aumento do consumo, sobretudo em super e hipermercados; o minério de ferro, com o aumento do preço no mercado internacional; e a construção civil, beneficiada pelas medidas recentes de ampliação do Minha Casa, Minha Vida e elevação para R$ 1,5 milhão do limite de compra da casa própria com recursos do FGTS.
Alguns indicadores também já sinalizam para uma retomada, como o aumento de licenciamento de veículos e o aumento da confiança do consumidor e do empresário. Para a equipe econômica, dessa vez é um “crescimento de verdade”, sem artificialismos do passado recente.
O PIB (Produto Interno Bruto) — que corresponde à soma de todos os bens e serviços produzidos no País — pode até mesmo surpreender e superar 1% (a previsão oficial até o momento), mas a estratégia agora é não contar com um cenário melhor para não ter de ficar “torcendo” depois.
Para o presidente do Insper e ex-secretário de Política Econômica, Marcos Lisboa, o Brasil ainda não está numa trajetória de crescimento sustentado. Segundo ele, para crescer a patamares de 3%, por exemplo, é preciso levar à frente a agenda de aumento da produtividade, que está estagnada no País.
Lisboa, no entanto, pondera que há agora uma janela de oportunidade aberta, com a melhora da perspectiva das contas públicas. Ela dá um fôlego até 2018 para abrir essa agenda. A maior preocupação é de a crise financeira dos Estados contaminar a retomada, levando à crise social.
A economista Sílvia Matos, coordenadora do Boletim Macro do Ibre (Instituto Brasileiro de Economia), da FGV, diz que o crescimento virá “devagar”, como deve ser depois do “desarranjo” recente da economia. O Ibre foi uma das primeiras instituições no ano passado a perceber que a retomada não começaria em 2016, como se imaginava inicialmente. Agora, projeta uma retomada começando no primeiro trimestre.
Segundo Sílvia, a perspectiva é de alta de 0,4% nesse período. Ele alerta ainda que metade desse crescimento será decorrente da agricultura. O setor de serviços continuará muito fraco. Somente no segundo trimestre é que a retomada começa a ser mais disseminada. E o aumento do emprego formal só começará em 2018.
Renda
Para o governo, a queda surpreendente da inflação neste início de ano ajuda na retomada da economia, porque aumenta a renda real do brasileiro, favorecendo o consumo de bens não duráveis. O ponto alto da retomada, no entanto, é a exuberância do setor agrícola, com a estimativa de safra de 220 milhões de toneladas de grãos e crescimento de 20% em relação a 2016.
Na indústria, as informações são de que nove setores estão reagindo: máquinas e equipamentos; produtos de metal; perfumaria produtos de limpeza; calçados e artigos de couro; borracha e plástico; mobiliário; veículos, reboques, carrocerias; vestuário e acessórios; e informática, produtos eletrônicos e ópticos.
O comércio também estaria começando a dar alguns sinais de melhora, mas o primeiro trimestre é tradicionalmente mais fraco para esse setor.
Fonte: R7.com
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