O presidente em exercício Michel Temer afirmou nesta quinta-feira
(12), em seu primeiro pronunciamento como substituto de Dilma Rousseff
no comando do Palácio do Planalto, que irá manter os programas sociais
da gestão petista – como Bolsa Família, Pronatec e Minha Casa, Minha
Vida –, prometeu aprimorar a gestão da máquina pública e falou em
promover reformas sem mexer em direitos adquiridos.
Temer assumiu
interinamente a Presidência na manhã desta quinta, após o Senado
aprovar, por 55 votos a favor e 22 contra, a instauração do processo de
impeachment de Dilma. Logo depois de a petista ser intimada sobre o
afastamento, o vice-presidente foi notificado da decisão dos senadores.
“Reafirmo, e faço em letras garrafais, vamos manter os programas
sociais. O Bolsa Família, o Pronatec, o Fies, o Prouni, o Minha Casa,
Minha Vida, entre outros, são projetos que deram certo e terão sua
gestão aprimorada. Aliás, mais do que nunca, precisamos acabar com um
hábito no Brasil em que, assumindo outrem o governo, você destrói o que
foi feito. Ao contrário, você tem que prestigiar aquilo que deu certo,
complementá-los, aprimorá-los”, discursou Temer.
Temer também
afirmou que, além de melhorar o ambiente de negócios no país para o
setor privado, para produzir e gerar emprego, é necessário restaurar as
contas públicas.
Segundo ele, o corte de ministérios já feito em
seu governo é parte das medidas de reequilíbrio fiscal. “A primeira
medida nessa linha está, ainda que modestamente, aqui apresentada. Já
eliminamos vários ministérios da máquina publica e ao mesmo tempo nós
não vamos parar por aí”, afirmou, sem detalhar se outras pastas serão
cortadas.”
“De imediato, precisamos também restaurar o equilíbrio
das contas públicas, trazendo a evolução do endividamento do setor
público de volta ao patamar de sustentabilidade. Quanto mais cedo formos
capazes de reequilibrar as contas públicas, mais rápido conseguiremos
retomar o crescimento”, declarou.
Em seu discurso, Michel Temer
afirmou que não falaria em crise, mas que trabalharia para superá-la.
“Vamos trabalhar. O nosso lema, que não é de hoje, é ordem e progresso. A
expressão da nossa bandeira não poderia ser mais atual com se hoje
tivesse sido redigida”, disse o peemedebista.
O presidente em exercício disse que muitas, das “bases do futuro”
para o país, há proposta já em tramitação no Congresso Nacional, e que
“reformas fundamentais” serão fruto de desdobramento “ao longo do
tempo”. “Uma delas é a revisão do pacto federativo. Estados e municípios
precisam ganhar autonomia verdadeira, sob a égide de uma federação
real, e não uma federação artificial como vemos atualmente”, observou.
Segundo
Temer, matérias consideradas “controvertidas”, como as reformas
trabalhista e previdenciária, serão levadas adiante com o objetivo de
“pagamento das aposentadorias e geração de emprego”, com garantia de
“sustentabilidade. Ele destacou que quer uma base parlamentar sólida,
que permita conversar. O presidente em exercício também disse em
seu discurso que, atualmente, há urgência em “pacificar a nação” e
“unificar o Brasil”.
Posse dos ministros
Em solenidade na tarde desta quinta no Palácio do Planalto, Temer deu posse a 22 ministros de seu primeiro escalão. Entre os novos integrantes do primeiro escalão estão Henrique Meirelles (Fazenda), Romero Jucá (Planejamento), Eliseu Padilha (Casa Civil), Geddel Vieira Lima (Secretaria de Governo) e José Serra (Relações Exteriores).
Segundo
a assessoria de Temer, após concluir o ato de posse dos novos ministros
do governo, o presidente em exercício fará um pronunciamento à
imprensa, mas não responderá a perguntas de jornalistas. No início da
noite, o peemedebista irá à cerimônia de posse do novo presidente do
Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Gilmar Mendes.
Ao longo de toda
a manhã, Temer permaneceu no Palácio do Jaburu, residência oficial da
Vice-presidência, acompanhado de aliados e conselheiros políticos. A
mulher de Temer, Marcela, e o filho deles, Michel, desembarcaram na
tarde desta quarta (11) em Brasília, enquanto o Senado ainda discutia o
pedido de impeachment de Dilma.
Enquanto Temer recebia aliados no Jaburu, pela manhã, a presidente
afastada Dilma Rousseff também fez um pronunciamento no Planalto, logo
após ter sido intimada pelo senador Vicentinho Alves (PR-TO) sobre a
decisão do Congresso Nacional. Dilma voltou a dizer que o impeachment é
“golpe” e que o afastamento dela é “a maior das brutalidades”. Em
seguida, Dilma fez um discurso no pé da rampa do Planalto, a um grupo de
integrantes de movimentos sociais que decidiram apoiá-la. O
ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva a acompanhou.
(G1 / Autor: Filipe Matoso, Fernanda Calgaro e Alexandro Martello)
Nenhum comentário:
Postar um comentário