Um dia após a Câmara dos Deputados aprovar a abertura do seu processo de impeachment, a presidenta Dilma Rousseff disse que se sentiu indignada e injustiçada com a decisão.
Ela
reafirmou que o processo não tem base de sustentação, repetindo que não
cometeu crime de responsabilidade. Dilma contou que assistiu a todas as
intervenções dos deputados durante a votação e não viu “uma discussão
sobre o crime de responsabilidade, que é a única maneira de se julgar um
presidente no Brasil”.
“Injustiça sempre ocorre quando se esmaga
o processo de defesa, mas também quando, de uma forma absurda, se acusa
alguém por algo, primeiro, que não é crime, e segundo, acusa e ninguém
se refere a qual é o problema”, disse.
Recorrendo à Constituição, a presidenta disse que o impeachment
está previsto, mas “é necessária existência de crime de
responsabilidade, para que a pessoa possa ser afastada da Presidência da
República”.
Ao repetir várias vezes a palavra injustiça, Dilma disse que poderia
bater em apenas uma tecla, de que não há crime, mas afirmou que é
importante porque “é a tecla da democracia”.
"Os atos pelos quais
me acusam foram praticados por outros presidentes antes de mim e não
foram considerados atos ilegais ou criminosos. Portanto, quando me sinto
indignada e injustiçada, é porque a mim se reserva um tratamento que
não se reservou a ninguém. Atos baseados em pareceres técnicos. Nenhum
deles beneficia a mim diretamente. Não são atos praticados para que eu
enriquecesse indevidamente", afirmou.
Fazendo menção indireta ao
presidente da Câmara, deputado Eduardo Cunha, ela afirmou que “aqueles
que têm conta no exterior” presidiram o processo. Ela declarou que
possui a “consciência” que não há ilegalidade nos atos que assinou e
motivaram o pedido de impeachment.
"Não os fiz ilegalmente e baseado em nenhuma ilegalidade. Tenho certeza que sabem que é assim. Todos sabem que é assim", disse.
Está
é a primeira declaração pública de Dilma após os deputados aprovarem
nesse domingo (17), por 367 votos, o prosseguimento do processo contra
ela. Se a admissibilidade do afastamento for aprovada também pelos senadores,
como foi na Câmara, a presidenta será afastada por até 180 dias,
enquanto o Senado analisa o processo em si, e define se Dilma terá o
mandato cassado.
Nesta segunda-feira (18), a presidenta
recebeu líderes da base aliada na Câmara dos Deputados para debater
estratégias. Após o encontro, o líder do governo na Câmara, José
Guimarães (PT-CE), disse hoje (18) que a luta para barrar o impeachment no Senado está “apenas começando”.
Agência Brasil
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