Após uma reunião com líderes dos partidos para discutir o rito do processo de impeachment
da presidenta Dilma Rousseff, o presidente do Senado, Renan Calheiros
(PMDB-AL), disse que a indicação dos membros da comissão especial será
feita a partir dos blocos partidários. Segundo Renan, os nomes poderão
ser definidos até sexta-feira (22). A partir daí, caso algum bloco
resista em apontar os nomes para o colegiado, ele mesmo fará, como prevê
o regimento da Casa.
Pelo calendário divulgado por Renan, como
os líderes de partidos que apoiam a presidenta já disseram que deixarão a
decisão para o último prazo, a expectativa é que a comissão especial
seja instalada na próxima terça-feira (26). Antes disso, porém, a
eleição dos 21 membros titulares e suplentes deverá ser feita na sessão
deliberativa do plenário da Casa.
Perguntado por que a eleição
dos membros da comissão não poderia ser já na segunda-feira (25), Renan
esclareceu que não há motivos para isso, já que as sessões deliberativas
do Senado ocorrem sempre às terças, quartas e quinta-feiras. “Nós
ficaríamos muito mal na história se quiséssemos atropelar a defesa, ou a
própria acusação, criando ou perdendo mais um dia. Eu não me presto a
esse papel”, afirmou.
Outro esclarecimento feito pelo presidente
do Senado é que as dúvidas que surgirem serão dirimidas respeitando,
primeiramente, o que diz a Constituição e, em seguida, o acórdão do
Supremo Tribunal Federal e a Lei do impeachment. Por fim, será levado em
conta o regimento interno do Senado Federal.
Sobre o momento em
que a presidência dos trabalhos será passada ao presidente do Supremo
Tribunal Federal, Renan disse que isso vai ser decidido posteriormente.
Em 1992, o então presidente da Corte, ministro Sydney Sanches, assumiu a
condução do processo na fase de instrução, quando defesa e acusação
apresentam suas alegações antes do julgamento final. Desta vez, ainda
não se sabe se tal ordem será adotada ou se o presidente do STF assumirá
os trabalhos apenas na última sessão de julgamento do pedido de impeachment, caso chegue a essa fase.
Ainda
segundo Renan, o Senado vai os contar prazos definidos pelo rito sempre
a partir de dias úteis, e não corridos, como pede a oposição.
Tumulto
“O
processo, por si só, é muito tumultuado. Vocês não sabem o que
significou fazer uma mera reunião para decidir se a composição da
comissão se daria por bloco ou por partidos. Caberia ao presidente
decidir, mas resolvi democratizar a decisão e compartilhar com os
líderes. Foi um horror que não recomendo nem que nós façamos uma segunda
reunião”, admitiu Renan.
Diante da experiência de hoje, o senador disse que não descarta a possibilidade de decidir sozinho sobre novas divergências que forem apresentadas.
Diante da experiência de hoje, o senador disse que não descarta a possibilidade de decidir sozinho sobre novas divergências que forem apresentadas.
Oposição x governo
Apesar
da decisão do presidente do Senado, divergências entre governistas e
oposicionistas devem dominar a ordem do dia desta terça-feira, marcada
para as 16h.
A oposição discorda da instalação da comissão
especial na semana que vem e acusa o PT de querer adiar o processo. Os
defensores do afastamento da presidenta Dilma Rousseff dizem que o dia
certo para instalação da comissão seria esta sexta-feira (22). Tais
parlamentares, especialmente do PSDB e do DEM, pressionam para que o
presidente do Senado, marque sessões inclusive para o fim de semana.
Já
o calendário petista de instalação da comissão especial está
contemplado pelo entendimento do presidente do Senado. Mesmo assim, nem
tudo está resolvido. Os senadores da sigla já avisaram que pretendem ir
ao Supremo caso o advogado-geral da União, José Eduardo Cardozo,
responsável pela defesa da presidenta da República, não seja ouvido pela
comissão especial antes do parecer sobre a admissibilidade do processo,
o que por enquanto, não está previsto.
Divisão das 21 vagas de titular na comissão
Bloco da Maioria (PMDB) – 5 membros
Bloco da Oposição (PSDB-DEM-PV) – 4 membros
Bloco de Apoio ao Governo (PT-PDT) – 4 membros
Bloco Socialismo e Democracia (PSB-PPS-PCdoB- Rede) – 3 membros
Bloco moderador (PR-PTB-PSC-PRB-PTC) – 2 membros
Bloco Democracia Progressista (PP-PSD) – 3 membros
Agência Brasil
*Colaborou Carolina Gonçalves
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