Nas rodovias federais do Maranhão, a distância entre os postos da Polícia Rodoviária Federal pode ser de até 500 quilômetros, o que aumenta a insegurança entre quem passa por essas estradas. Além disso, facilita o tráfico de drogas, segundo informou o Ministério Público Federal. Este é o assunto da quarta reportagem da série ‘Caminhos Perigosos’.
Quem viaja pelo Maranhão tem uma sensação estranha: onde estão os policiais federais? “Pra você encontrar um policial federal é difícil, viu?", responde o caminhoneiro Leandro Silva.
Outro caminhoneiro reclama da insegurança nas estradas. "Assalto. muito assalto. Ninguém dorme sossegado. A negada rouba pneu... é complicado demais" contou Lourival Vieira.
Dos 12 postos que havia para fiscalizar 3.400 quilômetros de rodovias no estado, cinco foram fechados de 2010 até hoje - três deles para reformas, que jamais foram concluídas.
Em peritoró - na BR-316, a empresa JB Pisos e Construções Ltda - que venceu a licitação para reformar e ampliar o posto-, começou, mas abandonou o serviço pelo caminho. O valor da obra: R$ 432.354,22.
A mesma empresa venceu a concorrência para reformar o posto da PRF em Araguanã, também na BR 316. A obra, de R$ 500.841,48 deveria ter sido entregue em 2013, mas nunca foi concluída. A empresa chegou a receber pelas obras não terminadas a quantia de pouco mais de R$ 340 mil: R$ 211.145,23 pelo posto Araguanã e R$ 129.450,68 do posto Peritoró.
A reportagem procurou a sede da JB Pisos e Construções no endereço que consta nos documentos entregues à Polícia Rodoviária Federal. A equipe encontrou apenas um casebre fechado: a dona do imóvel morreu há quatro meses.
Mesmo assim, em abril deste ano, a construtora conseguiu junto à Advocacia Geral da União, a prorrogação dos prazos pra execução da obra. "O procedimento inicial, quando a empresa participou, sim ela estava com suas obrigações legais em dia, posteriormente é que pode ter havido algum OBCI e até agora nós não tivemos conhecimento, né?” explicou o advogado da união, Clayton Ribeiro Junior.
"A gente entende que o usuário da rodovia ele se identifica muito com o posto. Ao trafegar ele verifica o posto ele se sente mais seguro, a gente entende isso. Mas em momento algum a gente está deixando de executar o serviço", disse superintendente substituto PRF/MA, Paulo Guedes sobre ausência dos postos.
A empresa JB, responsável pela construção dos postos de Peritoró e Araguanã, disse que as duas obras estão em fase final, e que não estão paradas, mas em ritmo lento. E que os atrasos ocorreram por causa das chuvas e pela crise econômica.
Distância entre postos
Em algumas rodovias maranhenses a distância entre os postos em atividade pode ser de 500 quilômetros. A base da PRF na BR-316, em Santa Inês, foi fechada depois que o Ministério do Trabalho condenou as condições do prédio. Os policiais estão em um posto adaptado em um micro-ônibus.
Na BR-222, a base foi desativada por falta de policiais, como mostra um relatório do grupo de controle externo da atividade policial do Ministério Público Federal. O órgão de fiscalização federal alertou ainda que os traficantes escolhem exatamente as estradas menos vigiadas para entrar com drogas no país.
"Nós somos passagem de tráfico. Esse tráfico ele chega no Maranhão. Ele não sai, mas ele chega no Maranhão por via terrestre e ele passa necessariamente pelos postos. E carga roubada também. E eles trabalham com essa precariedade", afirmou o procurador da república Juracy Magalhães.
A Polícia Rodoviária Federal informou que o posto de Peritoró ficará pronto até dezembro. Em Araguanã, a previsão de conclusão é dezembro, mas a PRF informou que as obras estão atrasadas. Em Santa Inês, foi feita licitação para manutenção do posto e será ainda construído um novo posto.
G1 Maranhão
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