O procurador-geral da República Rodrigo Janot denunciou criminalmente o
presidente Michel Temer e Rodrigo Rocha Loures (PMDB-PR) por corrupção
passiva no caso JBS. A denúncia foi protocolada nesta segunda-feira, 26,
no Supremo Tribunal Federal. Janot atribui crime a Temer a partir do
inquérito da Operação Patmos – investigação desencadeada com base nas
delações dos executivos do grupo J&F, que controla a JBS.
A ação proposta por Janot não pode ser aberta diretamente pelo
Supremo. O ministro Edson Fachin, relator da Lava Jato na Corte máxima,
terá de enviar a acusação formal do procurador à Câmara, Casa que pode
autorizar a abertura do processo contra o presidente – é necessária a
aprovação de dois terços dos 513 deputados.
O caso JBS mergulhou o
presidente em sua pior crise política. Na noite de 7 de março, Temer
recebeu no Palácio do Jaburu o executivo Joesley Batista, que gravou a
conversa com o peemedebista. Nela, Joesley admite uma sucessão de
crimes, como o pagamento de mesada de R$ 50 mil ao procurador da
República Ângelo Goulart em troca de informações privilegiadas da
Operação Greenfield, investigação sobre rombo bilionário nos maiores
fundos de pensão do País.
A investigação revela os movimentos do
homem da mala, Rodrigo Rocha Loures, ex-assessor especial do presidente.
Na noite de 28 de abril, Loures foi flagrado em São Paulo correndo com
uma mala de propinas da JBS – 10 mil notas de R$ 50, somando R$ 500 mil.
Os investigadores suspeitam que a propina seria destinada a Temer, o que é negado pela defesa do presidente.
COM A PALAVRA, O CRIMINALISTA ANTÔNIO CLÁUDIO MARIZ DE OLIVEIRA, ADVOGADO DO PRESIDENTE
"Eu
vou me manifestar mais profundamente quando tiver acesso à denúncia."
"Mas posso desde logo afirmar a minha absoluta certeza de que a denúncia
não está calcada em fatos concretos e comprovados, uma vez que o
presidente da República não cometeu nenhuma conduta que pudesse ser
enquadrada no tipo penal da corrupção passiva."
"Assim que
examinar a acusação eu estarei pronto a manifestar-me, não só como
advogado do presidente, mas como advogado que sabe distinguir acusação
fundada de acusação desarrazoada."
Fonte: O Estadão
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