José Agostinho Bispo Pereira Agora nega que todos os filhos sejam dele e acusa as filhas de terem seduzido ele.
O inquérito que apura o caso do lavrador que abusou da filha por cerca de 17 anos e teve com ela sete filhos deve ser encerrado nesta quinta-feira. A polícia pediu teste de DNA nas sete crianças para comprovar se são ou não filhos-netos do lavrador José Agostinho Bispo Pereira, de 54 anos. O resultado deve sair em três semanas. O lavrador, que confirmou inicialmente que mantinha relações sexuais com a filha, nega que todos os filhos sejam dele e acusa as filhas de seduzi-lo.
- Ele diz que elas que o procuravam. Mas, dizer que uma criança seduziu o pai? Se isso aconteceu, o que eu duvido muito, ele deveria ter tido a maturidade de um pai adulto e não continuar com toda essa violência - diz a delegada regional de Pinheiro, Laura Amélia Barbosa.
Passados 10 dias da prisão de Bispo Pereira e da retirada da família do povoado de Experimento, onde viviam isolados, a filha do lavrador, Sandra Maria Monteiro, 28 anos, mora agora com os filhos em uma casa alugada pela Prefeitura de Pinheiro perto do Conselho Tutelar, que presta assistência social e psicológica ao grupo. O governo do estado do Maranhão prometeu comprar uma casa para Sandra e seus filhos, que têm entre 2 e 12 anos de idade. As autoridades devem também provicenciar auxílio de dois salários mínimos mensais à família, pela situação de pobreza extrema e para auxílio de uma das crianças, que é surda-muda, provalmente por causa da consanguinidade.
Sandra, que não sabe ler ou escrever, está mais calma. Segundo a delegada Laura, ela já admite ter sido estuprada pelo pai quando tinha 12 anos.
- Ela foi ouvida novamente nesta terça e já apresenta uma melhora considerável. Já sorri, está bem mais calma, mais à vontade e tranquila e admitiu que foi violentada. Contou que sofreu o primeiro abuso numa rede, à época com 12 anos de idade, mas que era muito tola - revela a delegada.
Na avaliação de Laura, Sandra sequer tinha consciência do que era certo ou errado, por viver ilhada e sem contato social.
Na cadeia, o lavrador começa a alternar culpa e conformismo.
- Ele diz que está arrependido. Mas, a cabeça dele está confusa: às vezes chora, às vezes fica extrovertido - afirma Laura, acrescentando que ele afirma que era "procurado" pelas filhas.
Além de Sandra, ele teve um filho também com sua filha mais velha, Maria Sandra, que fugiu do povoado. A delegada apurou que o menino tem 14 anos (antes a informação era de que o rapaz tinha 8 anos) e foi criado junto aos 7 filhos que o lavrador teve com a filha mais nova.
As crianças, antes desnutridas e "ariscas", agora brincam, sorriem e comem bastante. Os assistentes sociais estão preparando-as para que possam começar a frequentar uma escola.
- Elas estão se alimentando bem, comendo muito mesmo, a mãe está até preocupada que vão engordar muito. Elas sorriem, brincam, têm outra vida - comemora a delegada, garantindo que a próxima conquista dos pequenos será a matrícula escolar.
Nesta terça-feira, mais um morador do povoado confirmou ter conhecimento do abuso. Na cidade de Pinheiro, muita gente sabia da história da família de Pereira, mas ninguém queria se intrometer na vida do lavrador, que passou a abusar da filha desde que a mãe dela foi embora de casa.
O inquérito será encaminhado à Justiça do Maranhão.
Fonte: O Globo (Edição: Cícero Ferraz)
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