segunda-feira, 7 de novembro de 2011

Denúncia atinge cúpula do PDT no Maranhão

Deputado Federal Weverton Rocha diz que denúncia, que o coloca como operador da extorsão das ONGs no Ministério do Trabalho, é inconsequente. Carlos Lupi solicitou investigação da Polícia Federal
Uma avalanche de denúncias atinge assessores do Ministro do Trabalho e Emprego, ligados a cúpula do PDT. Entre os suspeitos de esquema de extorsão a ONGs, tendo como pano de fundo convênios para treinar trabalhadores, o nome do deputado federal (PDT-MA) Weverton Rocha aparece como cabeça do esquema. Diante das denúncias, o caso, o Ministro do Trabalho e Emprego, Carlos Lupi, solicitou ao Ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, que a Policia Federal seja acionada para apurar os supostos desvios de recursos. As denuncias foram publicadas na Revista Veja deste fim de semana.

Ministro do Trabalho e Emprego (PDT), Carlos Lupi pede apuração das denúncias

Lupi disse que, caso as investigações identifiquem qualquer tipo de irregularidade, todos os envolvidos devem ser punidos de acordo com a Legislação Brasileira. "Se tem alguém usando a estrutura do Ministério para desviar dinheiro público, que seja devidamente enquadrado e responda por isso. Tanto o corrupto quanto o corruptor. Mas é preciso que as provas apareçam. Não podemos é viver esta onda de denuncismos covardes e vazios contra o governo da Presidenta Dilma", finalizou.

Segundo a Veja, o Ministério do Trabalho e Emprego cobrava das ONGs de 5% a 15% de propina. O contrato, segundo a revista, deveria ser feito com Weverton Rocha, então assessor especial do ministro, ou Anderson Alexandre dos Santos, coordenador-geral de qualificação.

Weverton classificou a Veja como inconsequente e baseada apenas em denuncismo sem provas e diz que irá prestar esclarecimentos na Câmara Federal. Ele, que esteve entre fevereiro e setembro deste ano como assessor especial do ministro do Trabalho e Emprego (PDT), Carlos Lupi, alegou que não tinha participação nas concessões de convênios com ONGs apenas emitindo opinião quando o convênio era no Maranhão

Rocha disse também não ter relacionamento direto com o coordenador-geral de Qualificação, Anderson Alexandre dos Santos, que foi afastado pelo ministro após as denúncias. Ele atribui a caso à perseguição ao ministro por setores da direita e empresários insatisfeitos com o trabalho de Carlos Lupi.

O ministro Carlos Lupi determinou, também, a abertura de sindicância interna para investigar o suposto esquema e que, hoje (7), vai requerer ao Ministério Público a apuração das denúncias publicadas pela revista.

Weverton Rocha concedeu entrevista exclusiva a O Imparcial, onde negou todas as acusações.

SEIS PERGUNTAS PARA WEVERTON ROCHA

O ministro Carlos Lupi afastou já no sábado o assessor especial Anderson Alexandre dos Santos, coordenador-geral de Qualificação do ministério, que é apontado como sendo seu "parceiro" no esquema. Qual era a função do Anderson e qual sua ligação com ele?

"A coordenação de Qualificação do Anderson não era ligada ao gabinete do ministro, é outro departamento. Acima dele, existem várias diretorias e secretarias. Nós não temos nenhum tipo de vínculo. Eu vou, inclusive, pedir a Polícia Federal que quebre o sigilo telefônico dele e o meu. Ele é carioca, e se eu liguei para ele este ano três vezes para o Rio de Janeiro foi muito, e diretamente para a sede nacional do PDT. Nem de amizade, não tenho muito que falar dele."

E o Marcelo Panella, ex-chefe de gabinete? Na reportagem, é dito que ele foi afastado a pedido da presidenta Dilma Rousseff pelo envolvimento no suposto caso de propina.

"Eu sempre ouvi o Marcelo dizer que não aguentava mais a rotina de sair toda segunda-feira do Rio de Janeiro e voltar toda quinta-feira em uma correria longe da família. Ele já tinha pedido para o ministro para ficar somente da função partidária. Muito depois dele sair, veio esta denúncia de que ele teria sido exonerado, o que não é verdade."

Como foi realizado convênio com o Instituto Êpa, um dos apontados como extorquidos?

"Não sei, porque não era minha área. Lá, nós apenas encaminhávamos, quando era convênio para o departamento responsável, mas eu não tinha detalhes. Eu nunca tive interesse. Apenas quando tinha alguma execução no Maranhão, eu me interessava em saber o detalhamento das metas, se podia aumentar mais, eu sempre pedia para ajudar mais o meu Estado."

Se as denúncias são infundadas e inverídicas, qual seria o motivo do ataque ao ministro Carlos Lupi e a sua pessoa, na sua avaliação?

"Este é o ponto principal. A matéria toda só diz que disseram que alguém disse. Não aparece uma prova. Nas chamadas dos grandes blogs nacionais não aparece mais eu nem o Anderson, só o ministro Carlos Lupi, que é o grande alvo deles. Grandes setores da imprensa conservadora nunca admitiam um ex-jornaleiro como ministro do trabalho. Como nunca encontraram nada que maculasse a imagem do ministro, vão fazer ao redor este tipo de denuncismo. O objetivo maior é derrubar o ministro. Temos até partidos aliados de Dilma que não aceitaram o PDT no governo, muito fogo amigo. Empresas também estariam por trás disso. O ponto eletrônico com comprovante para o trabalhador mexeu também com os maus empresários. Outra questão foi a crise mundial, quando o ministro pediu ao presidente Lula a assinar uma portaria proibindo a demissão durante seis meses de empresas com investimento público. Um grupo de empresários colocou o ministro como inimigo. Possa ter certeza que temos fogo amigo no Palácio e maus empresários por trás."

Caso seja chamado para depor na Câmara Federal, como deputado, você tem como comprovar sua inocência no caso?

"Veja a que ponto chegou esta questão do denuncismo. Até onde sei e a Constituição diz isso, o ônus da prova cabe ao acusador. Eu estou à disposição deste acusador para que diga o que aconteceu, pois não sei nem com quem estou tratando. Até agora estou tratando com a revista e vou estudar com minha assessoria qual o melhor caminho. Mas na Câmara, eu não preciso nem ser convocado, pois já estou me autoconvidando para esclarecer tudo".

Já que você fala em perseguição e denúncias vazias. Então, acredita que esta denúncia está relacionada com as outras que acarretaram na queda de cinco ministros?

"Dá para perceber onde estão atacando e a estratégia. No caso do Orlando Silva (ex-ministro dos Esportes), o cara (policial que acusou o ministério de irregularidades no Programa Segundo Tempo) deu entrevista dizendo que deu uma caixa cheia de dinheiro para o ministro. Sendo que o ministério mostrou que havia bloqueado o dinheiro dele e mandou fiscalizar, aí ele passou a atacar o Orlando, que virou o bandido. Então, ele fez um estrago desse tamanho na vida do ministro e fica por isso mesmo. Se existe corrupção, existe corruptor, e ninguém nem fala mais no nome deste policial. O Orlando agora tem que correr para provar a inocência dele. Uma tentativa clara de manchar o nome do PCdoB como estão fazendo com o PDT. Querem colocar estes partidos da esquerda como se fossem o DEM, o PSDB, o PMDB. Querem desmoralizar os partidos que têm histórias neste país"
 
Fonte: O Imparcial
Edição: Cícero Ferraz

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