Desde ontem, comunidades quilombolas do Maranhão, a comissão dos Direitos Humanos da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB/MA), Comissão Pastoral da Terra (CPT) e representantes do programa de Proteção a Defensores de Direitos Humanos da Presidência da República intensificaram a luta em prol da resolução dos casos que vitimam fatalmente os representantes quilombolas do estado. Na última sexta-feira, a residência de Almirandir Pereira Costa, 41 anos, vice-presidente da Associação dos Quilombos do Povoado de Charco, em São Vicente de Férrer, foi alvejada com três tiros por homens, até o momento, não identificados pela polícia.
O vice-presidente da Comissão de Direitos Humanos da OAB, Rafael Silva, falou que a situação da legalização das terras quilombolas no estado ainda é muito precária, no momento, apenas sete comunidades foram legalizadas pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) e ainda 256 comunidades, no estado, continuam na lista de espera. Em relação ao atentado de sexta-feira, por volta das 21h, homens, não identificados, alvejaram tiros de pistola 380 sendo que dois na parede e um no telhado da casa do vice-presidente. Não houve nenhum ferido. Segundo Rafael Silva, essa atitude serve apenas para intimidar ou marcar a próxima vítima que vai morrer.
Ele diz que a família "Gomes" afirma ser dona das terras onde está localizado o povoado de Charco e acredita que podem ter ligação com os acontecidos nesse local. A Polícia Civil já foi acionada e também o Programa Nacional de Proteção a Defensores de Direitos Humanos da Presidência da República foram informados sobre a situação.
O delegado da cidade de São João Batista, Armando Silva, está investigando o caso. De acordo com ele, a polícia vai apurar o caso com muita precisão para que todos os envolvidos possam ser presos e julgados pelos atos cometidos naquela comunidade. Mas informou, que até o momento, ainda não tem precisão dos nomes dos acusados e muito menos das pessoas que ordenaram a realização desse ato criminoso.
Rafael Silva diz que no espaço de duas semanas, o caso de Almirandir Pereira Costa é o terceiro atentado contra lideranças rurais das regiões norte e nordeste que militam em prol da regularização fundiária e do meio ambiente equilibrado. No final da última semana, o vice-presidente da Associação Camponesa do Amazonas, o líder camponês Adelino Ramos foi morto a tiros no estado de Rondônia, foi justamente, na semana de aprovação do relatório do deputado federal Aldo Rebelo (PCdoB-SP), em favor de profundas alterações o Código Florestal brasileiro, muito comemorado pela bancada de ruralistas.
Fonte: O Imparcial
Edição: Cícero Ferraz
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