São Luis - A denúncia de que um deputado teria recebido verba de empreiteiras para aprovar um projeto de lei que autoriza a derrubada de babaçuais no Maranhão incendiou o clima na Assembleia Legislativa. A acusação feita por um blog político é de que um dos deputados teria cobrado propina de empreiteiras maranhenses para trabalhar a aprovação da lei de interesse dos empresários e que a quantia seria distribuída entre outros 30 parlamentares.
O valor repassado pelas construtoras para que o parlamento desse sinal verde para a lei que permite que áreas de preservação ambiental sejam devastadas para dar lugar à construção civil teria sido de R$ 1,5 milhão. Deputados pedem a investigação do caso junto à CPI para averiguar convênios entre a prefeitura de São Luís e o governo do estado, que começa hoje.
O autor do requerimento enviado à Mesa Diretora é Carlos Alberto Milhomem (PSD), que pede que a CPI dos Convênios investigue também o fundamento da denúncia de que um deputado teria recebido R$ 1,5 milhão para aprovar a lei que permite a derrubada das matas de babaçuais. A idéia ainda precisa ser apreciada pelo plenário para que decidam quais as providências a serem tomadas.
“A minha intenção não é jogar nada no ventilador, a minha intenção é que nós não podemos trabalhar nesta Casa com a espada de Dâmocles pendurada em cima de nossas cabeças. (...) Eu não quero que, como autor de um determinado projeto, seja eu olhado pelos meus pares e pelos meus amigos, este foi autor da emenda, foi autor do projeto,” declarou Milhomem, autor do projeto de lei do babaçu e também do pedido de investigação.
Outra medida paliativa é tentar revogar a lei sob suspeita de corrupção. Quem propõe é o deputado César Pires (DEM) que também se pronunciou sobre o assunto na Casa e foi mais enfático no pronunciamento ao afirmar que “não adianta mais escondermos o que está debaixo dos tapetes desta Casa”.
Nos bastidores, o nome que teria sido citado como responsável pela transação é do líder do principal bloco governista na Casa: Stênio Rezende (PMDB). A reportagem tentou entrar em contato via celular, mas o deputado não retornou às ligações.
Empreiteiro questionou deputado sobre propina paga
Um dos discursos mais incisivos e estarrecedores a respeito do tema foi feito pelo deputado estadual César Pires (DEM). Ele narrou detalhes de uma conversa entre um empresário da área da construção civil e um parlamentar e que teria ocorrido durante uma viagem a Brasília. “O certo é que tudo isso, eu soube há mais de 30 dias. Um deputado viajando de Brasília junto com empreiteiro. O empreiteiro disse assim: ‘Cadê, os teus 50 que tu levaste?’ O deputado foi tomado de susto em relação a essa situação”, relatou o parlamentar.
César Pires ressaltou que a Assembleia Legislativa tem deve de apurar a denuncia sob pena de aceitar que 30 parlamentares governistas receberam R$ 50 mil. “Não adianta mais aqui escondermos o que está debaixo dos tapetes desta Casa”, ressaltou César Pires.
Somente este ano, esta é a segunda denúncia que envolve boa parte dos deputados de toda a Assembleia Legislativa. No primeiro semestre, suspeitas de agiotagem levaram o deputado Raimundo Cutrim (PSD) a pedir a instalação de uma comissão especial para investigar o destino das emendas parlamentares. Até o momento, a Casa não levou à frente as investigações sobre os dois assuntos.
Para o presidente da Assembleia, Arnaldo Melo (PMDB), é preciso ter cautela ao apurar denúncias para que os deputados não ajam “no calor do momento”. Ele afirma que o pedido de investigação feito pelo deputado Carlos Alberto Milhomem será lido na manhã de hoje para ser votado pelos demais colegas de parlamento. O requerimento feito por Milhomem pede que a CPI dos convênios inclua na pauta a denúncia de propina para aprovação de leis na Assembleia.
Fonte: O Imparcial
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