O superintendente do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), Pedro Leão da Cunha Filho, e o Secretário de Estado de Meio Ambiente e Recursos Naturais (Sema), Carlos Victor Mendes estiveram reunidos no final da tarde de ontem com o Capitão dos Portos do Maranhão, Nelson Ricardo Calmon Bahia, para solicitar autorização para que os dois órgãos possam realizar fiscalizações no navio Vale Beijing.
De acordo com Calmon Bahia, a solicitação foi apenas uma formalidade já que a Capitania trabalha de forma integrada com os órgãos fiscalizadores. “O Ibama e a Sema têm direito federal de subir no navio para realizar os trabalhos necessários e exigir da agência operadora do Vale Beijng que o plano de emergência traçado seja cumprido em caso de algum acidente ambiental”, explicou.
Com relação aos reparos e vistorias que estão sendo realizados no tanque de lastro do navio, os técnicos da empresa STX Pan Ocean, empresa responsável pela embarcação, ainda não estão autorizados a emitir algum relatório sobre os trabalhos. Hoje, apesar de ser feriado, as equipes trabalham normalmente.
O Navio está carregado com cerca de 360 mil toneladas de minério de ferro e 10 mil toneladas de óleo. A prioridade será a retirada do combustível. Até agora, segundo o Ibama, não derramamento de óleo ou carga. Na terça-feira o navio foi removido do Pier I do Terminal da Ponta da Madeira para área localizada a cerca de 9 km da costa.
Especialista alerta para falta de segurança ambiental
Marco Valério, biólogo e professor da Universidade Federal do Maranhão (UFMA), considera a área portuária do estado insegura para receber navios de grandes portes. “Se ocorrer um derramamento de óleo não temos barreiras de contenção, sendo assim, qualquer tragédia ambiental se instala. É necessário discutir a segurança do meio ambiente nos portos, pois o litoral maranhense corre risco”, afirmou Valério.
As fissuras presentes no tanque de lastro do navio comprometeram a segurança operacional e estabilidade da embarcação, assim, a entrada e saída das águas de lastro ocorreram de forma desequilibrada.
As águas de lastro é a água do mar ou do rio captada pelo navio para garantir plena estabilidade enquanto navega e durante o processo de carga e descarga de mercadorias. Após o surgimento destas embarcações construídas com aço, a água de mar passou a ser utilizada para manter o calado do navio.
Assim, a água utilizada com este objetivo passou a ser chamada de água de lastro. Os tanques são preenchidos com maior ou menor quantidade de água para aumentar ou diminuir o calado dos navios durante as operações portuárias.
Quando o navio capta água no porto doador (porto de partida) geralmente despeja essa água no porto de destino (porto receptor). Assim, os tanques podem conter no lastro uma mistura de águas de diferentes locais, e nessas águas espécies marítimas de diversos mares vêm misturadas, caracterizando o fenômeno biológico da bioinvasão.
Segundo o biólogo Valério o litoral do estado já apresenta algumas espécies invasoras, como Craca, Carybiddis Hellry e o camarão do Pacífico. “Elas vieram de mares do Pacífico e conseguem sobreviver em águas maranhenses”, disse Valério.
Com relação aos prejuízos causados pela chegada dessas espécies, o biólogo alerta para a morte dos sururus provocada pela fixação das cracas no casco, que cresce e acaba matando o sururu. “As cracas grudam no casco e vão crescendo, destruindo o sururu lentamente. Estamos perdendo esta espécie, é preciso ter cuidado com a bioinvasão, e não estamos preparados para este fenômeno”.
Fonte: O Imparcial
Edição: Cícero Ferraz
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