São Luis - O adiamento no início das aulas no município vai estender o fim do ano letivo para 2013. De acordo com o Sindicato dos Profissionais do Ensino Público Municipal de São Luís (Sindeducação), se as aulas fossem iniciadas ontem encerrariam ao final de dezembro. Com o atraso no calendário, a previsão é que as aulas sejam encerradas entre janeiro e fevereiro, sendo o início do próximo ano letivo para março. Segundo o sindicato, descontados os feriados, há um déficit de 45 dias letivos. O início das aulas estava previsto para esta segunda-feira (30), mas foi adiado para o próximo dia 15 de março.
A prorrogação do calendário letivo do município, anunciado na tarde da última sexta-feira (27), gerou surpresa em pais e alunos. Apesar da nota publicada pela Semed (Secretaria Municipal de Educação), alguns pais e alunos compareceram às escolas. Na avaliação do Sindeducação, o adiamento apenas fortalece a greve geral já anunciada pela categoria na semana passada.
O anúncio da mudança no calendário do ano letivo do município foi dado pelo secretário municipal de educação, Othon de Carvalho Bastos. O secretário apresentou, dentre os motivos do adiamento, a realização de reformas para efetivação das obras de melhorias nas escolas e os procedimentos de lotação de professores recém-nomeados. A presidente do Sindeducação, Maria Lindalva Batista, ao comentar o adiamento do ano letivo, em conversa com O Imparcial, disse que a decisão serviu para efetivar a greve, que permanece. "Essa decisão apenas fortalece o que a categoria já decidiu", afirmou. A presidente falou ainda que com o adiamento das aulas os alunos ficarão prejudicados, e que o prazo anunciado é insuficiente para a reforma das escolas. "Só maquiar as escolas não é suficiente", destacou Maria Lindalva. Ela convocou os professores e a comunidade para o ato público da categoria, que acontece amanhã, na Praça Deodoro, às 8h, e reafirmou o objetivo da greve: "Queremos reformas que reflitam na qualidade do ensino", complementou.
Surpresa
Apesar da mudança no calendário, nem todos os pais e alunos ficaram cientes da situação e foram às escolas na manhã desta segunda-feira (30). Na U.E.B. Pedro Marcosine Bertol, localizada no Jaracati, funcionários informaram que alguns pais levaram seus filhos à escola por não saberem da mudança. No São Francisco, a situação foi a mesma. Na entrada da U.E.B. Monsenhor Frederico Chaves, o aviso "Início das aulas: 15 de março" foi surpresa para alguns pais e alunos. Um funcionário do setor administrativo da escola, que não quis se identificar, informou que a escola passará por reformas, e que o início das obras está previsto para o dia 17 de fevereiro.
Fênix dos Santos, de 9 anos, estuda na U.E.B. Monsenhor Frederico chaves e ficou surpreso ao chegar na escola, na manhã de ontem. "Achei que a aula começasse hoje. Só soube que não quando o diretor me disse que agora só em março."
Volta às aulas
As aulas do município foram adiadas e o ano letivo das escolas estaduais começa na próxima segunda-feira (6). No entanto, com a volta às aulas dos estabelecimentos particulares de ensino, a cidade voltou ao ritmo normal. Na manhã desta segunda-feira os engarrafamentos já puderam ser vistos. Além da movimentação no trânsito, as aulas movimentam também o comércio informal, que garante o sustento de muitos. É o caso de Valdemir Rodrigues Pereira, o "Vavá", que há 12 anos vende cachorro-quente em frente a uma escola do centro da cidade. Valdemir contou que sustenta a família com a venda do sanduíche e que no período de férias, a renda é bem menor. "Durante as férias eu vendo na porta de casa, mas não rende como aqui", relatou. Vavá destacou ainda que chega a trabalhar 11 horas por dia, mas que fica atento aos horários de maior procura. "Eu vendo mais na hora da saída. Esse ano o horário da escola mudou, mas já estou por dentro", complementou.
Sustento garantido
O vendedor Manoel Araújo, 42, aproveita o movimento na porta das escolas para ganhar a vida. Desde 1985, Manoel vende bombons em frente a uma escola, no centro de São Luis. "Meu sustento vem daqui", contou o vendedor. Manoel disse também que, no período das férias, a renda diminui consideravelmente. "Nas férias eu vivo dos bicos que aparecem em outros lugares". Manoel chega às 6h30 na porta da escola e fica até às 19h30 vendendo seus bombons. "Fico o dia todo, mas o melhor horário é o da saída," complementou.
Greve municipal
Os professores da rede municipal entrarão em greve geral a partir do próximo dia 31. A categoria já estava em estado de greve desde novembro de 2011, e anunciou que o movimento é por tempo indeterminado. Até agora, a prefeitura não entrou em acordo com a categoria e na última sexta-feira anunciou o adiamento do ano letivo. Dentre as reivindicações da categoria, estão as melhorias infraestruturais, atualização do piso nacional, regularização da jornada de trabalho.
Fonte: O Imparcial
Edição: Cícero Ferraz
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