domingo, 15 de janeiro de 2012

Comitiva flagra indícios de destruição de uma aldeia de índios Awá-Guajá, em Arame.

Denúncia sobre criança indígena que teria sido carbonizada está sendo investigada
A Comissão de Direitos Humanos (CDH) da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) no Maranhão encaminhará uma representação à Polícia Federal (PF) e ao Ministério Público Federal (MPF) denunciando a extração ilegal de madeira e destruição de uma aldeia de índios Awá-Guajá, grupo nômade ainda sem contato com a civilização, na Reserva Indígena de Arariboia, no município de Arame. A informação foi divulgada em coletiva de imprensa realizada na manhã de ontem na sede da OAB/MA, no Calhau.

Uma comitiva foi enviada à aldeia no dia 12 deste mês para apurar as informações sobre a morte da criança de etnia Awá-Guajá que teria sido carbonizada. "O corpo que seria a prova fundamental sobre o crime não foi encontrado, mas na região descobrimos mais de 40 toras de madeira cortadas e várias outras marcadas. Além da destruição dessa aldeia Awá-Guajá", destacou o presidente da CDH da OAB/MA, Antônio Pedrosa.

O representante da OAB/MA realizou a viagem acompanhado da coordenadora regional do Conselho Indigenista Missionário (Cimi), Rosimeire Diniz, e do assessor jurídico da Sociedade Maranhense de Direitos Humanos (SMDH), Igor Almeida. O grupo visitou o local onde teria sido avistado o corpo da garota e colheu relatos dos indígenas sobre o caso. Todas as informações, incluindo a localização via GPS das madeiras cortadas e do acampamento abandonado pelos madeireiros será enviada à PF.

Durante a coletiva, o presidente da CDH destacou que devido ao tempo transcorrido as chances de encontrar um corpo eram remotas. "O próprio processo de decomposição, a existência de animais e a ação da pessoa que teria praticado o crime, se ocorreu, tornavam difícil ainda ter algum rastro de algo que ocorreu em outubro. Mas, essa não é a única coisa que deve ser investigada, existem estradas dentro da floresta com capacidade para trânsito de uma caminhonete", disse.

O grupo que visitou a reserva informou que durante a conversa com os guajajaras receberam a informação de que a Funai esteve na região em novembro, mas não visitou o local onde teria sido avistado o corpo. Além disso, o grupo criticou a ação da Funai ao lembrar que a fiscalização é deficiente pois vários casos de exploração de madeira já foram denunciados.

A coordenadora do Cimi, Rosimeire Diniz, lembrou que dentro das tribos indígenas existem membros que foram aliciados pelos madeireiros e que contribuem para a exploração ilegal. O que está sendo refletido, inclusive, no caso da denuncia sobre a morte da criança Awá-Guajá. "Os índios estão divididos, alguns afirmam que a denúncia foi feita por Cloves, enquanto ele mesmo voltou atrás", comentou.

Fonte: O Imparcial
Edição: Cícero Ferraz

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