No último sábado, populares destruíram delegacia de Boa Vista do Gurupi.Motivo da revolta foi a morte de uma detenta por espancamento
A polícia ainda tenta identificar as pessoas que destruiram uma delegacia no último sábado (19), em Boa Vista do Gurupi, município localizado entre os estados do Maranhão e Pará. A revolta popular na noite do último sábado (19) causou medo e apreensão na cidade, que fica a 514 km de São Luís.
A fachada do predio ficou em ruínas, restando apenas as carcaças de um carro apreendido e de uma viatura da Polícia Civil. "Foi uma coisa bárbara. O pessoal de revotou com o que fizeram com a menina, então, aconteceu essa tragédia. Era muita violência, coisa de filme", exclamou o taxista Nonato Feitosa.
Dentro da delegacia, restaram apenas as cinzas de equipamentos, móveis e documentos. Quatro motocicletas, que estavam apreendidas, também foram incendiadas.O quebra-quebra começou depois as detentas da cela feminina espacaram e mataram uma companheira, uma jovem de 18 anos, que foi presa por volta das 11h da manhã de sábado porque teria ido para uma festa na sexta-feira (18) à noite e deixou os dois filhos com a avó e os tios, tendo sido denunciada por abandono de incapaz.
"Houve uma prisão por abandono de incapaz. Essa pessoa foi levada e autuada em flagrante na delegacia. Uma fiança foi arbitrada e pela ausência de pagamento, a pessoa foi recolhida ao xadrez. Quando se estava preparando as comunicações ao Poder Judiciário, os policiais perceberam a confusão e, ao chegarem ao xadrez, viram que ela tinha sido espancada. Imediatamente foi prestado o socorro e ela foi levada da delegacia com vida mas, infelizmente, veio a óbito", explicou o delegado regional Luís Cláudio Balby.
A jovem foi morta na cela menos de quatro horas depois de ser presa. Familiares e amigos da detenta se reuniram e foram cobrar providências, recebendo o apoio de outros moradores. O prédio foi invadido, dando sequência a atos de vandalismo. Os moradores queriam linchar as detentas e algumas ainda foram espancadas pelos populares.
"Me puxaram pela garganta e me furaram, quase me matam. Só não mataram por causa de uma colega minha que Deus abençoo e enviou ela, que implorou nos pés deles pra que eu não fosse morta e eu saí correndo", revelou a detenta Maria Zélia Pereira de Sousa.
No momento da invasão, vinte presos da Delegacia de Boa Vista do Gurupi - 14 homens e seis mulheres - conseguiram escapar e, até o momento, apenas oito foram recapturados. Os cinco homens e as três mulheres foram levados para o município de Maracaçumé, a 53 quilômetros de Boa Vista do Gurupi.
A polícia já identificou também quatro pessoas que teriam participado da invasão da delegacia. "Quatro pessoas foram detidas. Dessas quatro, um menor. Três foram autuados em flagrante por dano ao patrimônio público e as investigações irão prosseguir no sentido de dar uma resposta à sociedade, que não é por esse caminho, tentado se fazer justiça com as próprias mãos, que se vai chegar a algum lugar", avisou o delegado.
O policiamento nas ruas da cidade foi reforçado e homens do Grupo Tático Aéreo (GTA) estão mantendo o controle nas ruas. No velório da jovem, familiares e amigos ainda estavam inconformados e revoltados com o que aconteceu.
Fonte: G1 Maranhão
Edição: Cícero Ferraz
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