Para Comando Militar do Leste, tráfico quer voltar à região pacificada. Policiamento segue reforçado na Zona Norte do Rio após tiroteio.
Exército continua no Alemão
O comandante Militar do Leste afirmou que os confrontos no Conjunto de Favelas do Alemão, na Zona Norte do Rio, foram articulados por traficantes que estão em outras favelas e que querem voltar a dominar a área. "Tenho certeza de que esse primeiro ataque no Alemão foi articulado por grupos em outras comunidades não pacificadas que estão querendo voltar ao Alemão", afirmou o general Adriano Pereira Junior, no início da tarde desta quarta-feira (7). Ele disse ainda estar investigando suspeitas de que um traficante foragido da Vila Cruzeiro poderia estar por trás da ação.
Após o Desfile de Sete de Setembro, realizado pela manhã no Centro do Rio, o comandante Militar do Leste, o secretário de Segurança Pública, José Mariano Beltrame, o comandante-geral da Polícia Militar, coronel Mário Sérgio de Brito Duarte, e a chefe de Polícia Civil, Martha Rocha, participaram de uma coletiva de imprensa para falar sobre os confrontos no Alemão.
Já Beltrame afirmou que traficantes tiveram acesso ao Alemão pela Vila Cruzeiro. "Tenho informação de que um pequeno grupo de traficantes entrou no Alemão pela Vila Cruzeiro, de carro, desencadeando os fatos", disse o secretário de Segurança Pública, acrescentando que "nada vai ser consertado de uma hora pra outra depois de 30, 40 anos de abandono".
De acordo com o general, esse foi o primeiro problema desde a ocupação da Força de Pacificação, em novembro. "Isso foi uma reação ao anúncio do Exército de prolongar sua permanência no local. Em dez meses de ocupação, houve em torno de quatro mil a cinco mil abordagens e só teve problema em uma".
Para o comandante, os tiros da noite de terça-feira (6) não foram disparados de dentro da área de atuação da Força de Pacificação. "Alemão e Penha não têm armas pesadas. Os tiros vieram do Morro do Adeus e da Baiana", afirmou o general Adriano Pereira Junior sobre os morros que passaram a ser ocupados pela Polícia Militar.
De acordo com o comandante-geral da PM, coronel Mário Sérgio de Brito Duarte, o efetivo nos Morros do Adeus, em Bonsucesso, e Baiana, em Ramos, terá 120 policiais. "Vamos dar prioridade aos pontos altos e mais 11 pontos ao redor dos morros. São 120 homens que vão ocupar Adeus e Baiana dia e noite, por tempo indeterminado", disse o coronel.
Nesta tarde, militares e policiais fizeram uma operação de combate ao tráfico na região, segundo o major Marcus Bouças, oficial de comunicação da Força de Pacificação.
Ao todo, de acordo com a Força de Pacificação, 1,7 mil homens do Exército e das polícias Civil e Militar, ocupam o Conjunto de Favelas do Alemão. E, segundo o comandante Militar do Leste, esse efetivo ganhará o reforço de mais 100 ou 200 homens. "A paz ainda não é completa porque muitos moradores ainda temem a volta dos criminosos que fugiram quando houve a ocupação. Alemão e Penha são pontos de honra para nós", garantiu o general. Nesta quarta-feira (7), segundo o Exército, o patrulhamento conta com seis veículos blindados.
Ainda segundo o comandante, no local, há policiamento ostensivo e 420 patrulhas diárias, que ele considera um esquema muito eficiente. Mesmo assim, afirmou que vai aumentar o efetivo e fazer mais revistas em pessoas com atitudes suspeitas, mas sem interferir a ponto de ser inconveniente à população. "(Alemão) Não é praça de guerra, não podemos prejudicar a vida da população", afirmou o general Adriano Pereira Junior, acrescentando que o direito de ir e vir das pessoas tem que ser respeitado.
O Teleférico do Alemão passa por uma inspeção para verificar se foi atingido durante o tiroteio iniciado na noite de terça-feira (6). Segundo a SuperVia, ele não funcionaria nesta quarta-feira por causa do feriado.Exército nega morte de jovem por bala perdida
O general Adriano Pereira Junior negou que uma menina de 15 anos tenha morrido, após ser atingida por bala perdida. "Não passou de uma armadilha do tráfico", garantiu o comandante, acrescentando que os policiais procuraram pela suposta vítima em todos os hospitais da região e nada encontraram.
O deputado estadual Marcelo Freixo (PSOL) esteve nesta manhã no Conjunto de Favelas do Alemão para conversar com moradores. "Realmente diminuiu o número de homicídios no Alemão, e isso é ótimo. Mas também é necessário ter hospital, escola, e isso não tem. Já tem tempo que estamos planejando fazer uma audiência pública, precisamos saber quais são as políticas públicas pra cá, o planejamento", afirmou o deputado. "Por enquanto, o Exército está ocupando um lugar que deve ser da polícia".
Bombas caseiras
Pela manhã, cinco bombas caseiras foram encontradas na Rua Nova, próximo a um dos principais acessos do Alemão, na Zona Norte do Rio. Os artefatos foram recolhidos pelo Exército e teriam sido jogados pelos traficantes para atingir militares na noite de terça. Algumas bombas estavam detonadas e outras não. O policiamento na região segue reforçado, depois de um tiroteio que começou na noite de terça-feira (6), mas não háregistro de novos confrontos nesta manhã.
Segundo a Força de Pacificação, os tiros na terça-feira foram disparados por traficantes "para inquietar as forças de segurança".
Até esta manhã não foi divulgado nenhum balanço oficial de feridos na ação, mas pelo menos três homens foram detidos sob suspeita de desacato e uma pessoa ficou ferida com estilhaços na cabeça.
Segurança reforçada
Além dos soldados, policiais militares patrulham os principais acessos à comunidade. De acordo com a Força de Pacificação, 100 fuzileiros navais foram convocados para reforçar o efetivo de segurança no Alemão. Dos 12 blindados do Exército que vão permanecer no local, seis iam participar do tradicional desfile da Independência do Brasil, na quarta-feira (7), mas foram desviados para aumentar a segurança nas comunidades.
Já o comandante-geral da PM, coronel Mário Sérgio de Brito Duarte, afirmou que cerca de 50 policiais militares do 16º BPM (Olaria) e do 22º BPM (Maré) atuam no reforço da segurança. O Batalhão de Campanha também continua em auxílio ao trabalho da Força de Pacificação, que é comandada pelo Exército brasileiro.
Fonte: O Imparcial
Edição: Cícero Ferraz
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