domingo, 25 de setembro de 2011

Em entrevista, Roseana diz que deixará o Maranhão melhor


Ao assumir o governo, pela quarta vez, em janeiro, a governadora Roseana Sarney (PMDB) tem sido incansável porta-voz de um novo momento socioeconômico para o Maranhão, nesta segunda década do século 21. Também pudera, e a moradora do Palácio dos Leões, sede do governo, onde despacha e planeja as ações das transformações que anuncia. Foi lá, no imponente salão de atos, que Roseana Sarney recebeu o Imparcial.

Durante uns 70 minutos ela discorreu sobre o momento de bonança a favor da economia maranhense, em razão de pesados investimentos e geração de emprego e renda. Também abordou a questão da educação, suas propostas de inovação no setor, do plano rodoviário estadual e das prioridades, sustentadas em planejamento estratégico.

Na conversa, presenciada penas pelo jornalista Sérgio Macedo, secretário de Comunicação, Roseana não fugiu de qualquer indagação, leu documentos em que fixam as linhas de sua gestão, mostrou números e garantiu que deixará o estado, no fim do presente mandato, bem melhor na economia, no ensino e na distribuição de renda.

Sobre as eleições de 2012, a governadora pretende estimular o PMDB a lançar candidatos nos principais municípios e fazer alianças nos demais. Em São Luís, ela gostaria de ver o secretário da infraestrutura Max Barros como candidato do grupo à sucessão do prefeito João Castelo, mas "o martelo ainda não está batido". Por quê? "Ele precisa se viabilizar".

Acredita Roseana que ainda este ano vai entregar pelo menos 30 novos hospitais do programa "Saúde é Vida", , dos quais quatro já estão em funcionamento. E mais: prometeu chamará o prefeito João Castelo para trabalharem juntos pela cidade, em razão do quarto centenário de são Luís. "Parceria só funciona nos dois sentidos. Quando o Jackson Lago era prefeito, trabalhos juntos e ninguém atrapalhou ninguém", ponderou.

O Imparcial- Para começo de conversa, como é morar, pela quarta vez, neste palácio?

Roseana Sarney -Você sabe que não morei aqui o tempo todo. Nos oito anos dos mandatos anteriores, só fiquei uns seis ou sete meses, depois que reformei o prédio.

Não me refiro apenas ao aspecto físico, mas também quanto ao poder que o Palácio dos Leões representa. Olha, me sinto hoje com mais experiência para tocar as ações que o Estado precisa, para melhorar a vida da população. Da vez anterior, fizemos um planejamento estratégico. Um dos pontos de destaque era ligar todos os municípios por estradas asfaltadas. Quando retornei, em 2009, não havia nada feito e o planejamento se perdeu. Por exemplo: um amplo programa de água para o interior, também não prosperou. Tive que fazer tudo de novo, gastando novamente o em projetos. Até a adutora do Italuís precisa de uma duplicação em toda a área do Campo de Perizes. O custo disso é muito elevado. Mas tem que ser feito. Porém, a experiência daquele período foi importante. Agora tenho um planejamento estratégico para guiar as ações do governo.

E hoje como está esse plano rodoviário entre municípios?

Entre restauração, melhoramento e pavimentação, o programa atinge a 25 rodovias estaduais, além das obras do Espigão e da Via Expressa em São Luís, que somam R$ 326 milhões em investimentos. Muitas rodovias já foram asfaltadas e outras estão com obras em andamento.

Como se resume esse planejamento estratégico?

Temos um plano, e bem feito. (Ela pega uma publicação , em forma de revista, chamada O Maranhão e a Nova Década e folheia ponto por ponto. O documento começa mostrando como o Brasil saiu quase ileso da crise mundial de 2008 e entra no plano regional. Destaca o crescimento "acelerado das regiões menos desenvolvidas, em função de políticas redistributivas, de inclusão social, investimentos produtivos e infraestrutura". A assegura que no cenário para os próximos quatro anos, indica, de um lado, um crescimento medíocre da economia mundial, enquanto o PIB brasileiro pode chegar a 5% e o do Maranhão e do Nordeste, acima de 6%.)

Como o Maranhão se encaixa nesse cenário de crise?

O Maranhão, lê Roseana na publicação, tem o privilégio de iniciar a nova década numa posição invejável de receptor de investimentos estruturantes, que propiciarão a abertura de novas e perspectivas jamais reunidas em nossa história. Os números previstos para essa nova década são superlativos - R$ 100 bilhões em investimentos públicos e privados e oferta de aproximadamente 240 mil novos empregos nos próximos cinco anos.

Na prática, como a senhora pretende transformar essas projeções em realidade?

Estamos fazendo seminários regionais, envolvendo prefeitos, vereadores, ongs, entidades civis e quem mais se interessar. A população está sendo chamada a participar, contribuir e conhecer a realidade. O próximo seminário, para encerrar essa etapa, será no dia 26 em São Luís. No final, será feito um documento para que servir da de base às ações do governo, de forma participativa. Quanto aos investidores, temos mostrado um atraente portfolio das potencialidades do Maranhão.

Mudando um pouco de tema. Como está sendo encaminhada a questão salarial dos professores, centro nervoso do principal núcleo do funcionalismo estadual?

O governo vai cumprir o piso salarial. A proposta está sendo repassada ao sindicato da categoria. A proposta é de fazer valer o acordo a partir de 1º de outubro. Também pretendemos priorizar o encaminhamento do Estatuto do Educador. O modelo proposto é para no mínimo uma década. Ajustá-lo para os desafios do futuro. Acho que vamos ficar com o salário melhor do que outros estados.

Em que situação encontra-se o Maranhão diante dos demais estados, quanto ao salário dos professores?

Acho que ficaremos até melhor do que a maioria. O Maranhão, tem saído na imprensa, como o estado que paga um dos três melhores salários. Há alguma coisa, porém, que acaba desequilibrando a remuneração, mas no geral temos um salário até maior do que o piso. Temos a Gam (Gratificação por Atividade do Magistério) que eleve o patamar salarial. Depois dos estudos que estão sendo feitos, o professor vai ficar com uma bela remuneração.

Mas os indicadores são os priores do Brasil.

Vamos fazer profundas alterações para renovar a grade curricular do ensino médio, também chamar os prefeitos para que se integrem um projeto que melhore o ensino fundamental, a partir da pré-escola, que é a base de qualquer resultado lá na frente. Inclusive vamos colocar escolas de tempo integral. A primeira será em Imperatriz, na escola Militar Tiradentes, destaque no último resultado do Enem. Implantar em 2012 o modelo escolar similar ao do antigo Colégio Marista.

O que representa o professorado no conjunto do funcionalismo?

Eles são aproximadamente 30 mil. Se fizéssemos um número per capita de professor/aluno, comparando-o aos outros estados, até que o rendimento seria melhor. Temos alguns problemas, como algo em torno de uns 10% de professores com atestado, de licença, ou saindo. Mas estamos incentivando para que eles não faltem, sejam estimulados e possam se qualificar mais.

A senhora falou de planejamento estratégico, e quais são as prioridades dentro do planejamento?

Aumentar o PIB (Produto Interno Bruto) e fazer com que todas as ações, no conjunto, venham melhorar a vida das pessoas. Saímos em busca de investimentos para mudar a realidade em infraestrutura. Assim podemos implantar projetos, pois só com os recursos do estado, que são escassos, a gente não poderia fazer o que precisar ser feito. Hoje, o PIB está em 16º lugar no país. Assim já podemos deslumbrar o Maranhão para a nova década. Podemos apresentar os investimentos do governo e indicar aonde os investidores podem implantar seus projetos.

Como está hoje PIB maranhense?

Estamos em 16º lugar. Fizemos um planejamento de tudo, para informar o potencial do Estado em todos os segmentos. Área por área.

E a dívida?

Tem uma discussão sobre o cálculo do montante, que é indexada ao IPCA, mais 6% ao ano. A projeção para 2011 daria R$ 900 milhões, para ser pago até dezembro. É muito dinheiro. Nas reuniões com os governadores, uma das pautas que está sempre presentes é esse assunto. Então, esse indexador, deixa os estados em situação complicada.

O orçamento aguenta?

Não tem alternativa. O orçamento deste ano prevê receita de R$ 9,680 bilhões. As transferências correntes representam 62%, fato que demonstram como as finanças do Estado é sensível às oscilações dos repasses federais. Só as despesas correntes levam R$ 8,3 bilhões e as de pessoal com encargos sociais, R$ 3,3 bilhões.

E se não pagar?

Eles sacam direito do Fundo de Participação do Estado.

Quando representa isso em termos do orçamento?

Algo em torno de 12 ou 13%.

E como a senhora vai tocar o programa Saúde é Vida, um dos pontos relevantes de seu governo?

Entre construção, recuperação e ampliação de hospitais, já colocamos em funcionamento 16 unidades, incluindo as quatro Unidades de Pronto Atendimento de São Luís (UPAS). A do Vinhas é com recursos só do Estado. As demais, com 64% do governo federal e o restante do Estado. Os 64 hospitais do programa Saúde é Vida, quatro estão funcionando, até o final deste ano talvez outros 30 serão inaugurados e o restante no próximo ano. Os investimentos gerais na saúde chegam R$ 443 milhões.

Como estão chegando os investimentos?

Os do governo federal são devidamente anotados e os que ainda precisam, nós estando indo atrás, colocando os nossos pleitos e fazendo o acompanhamento, tudo dentro de um plano de logística. O programa Maranhão Profissional já conta com 10 mil alunos matriculados em cursos de formação profissionalizantes nas áreas de segurança do trabalho, eletricidade, eletrônica e telefonia. Os alunos que têm prioridade são da rede pública, do Sine ou de presídios masculinos e femininos.

Governadora, essa questão polêmica da pobreza do Maranhão?

Temos o indicador. Se olhar pelo PIB, um indicador de pobreza, o Maranhão não é o mais pobre. Se olharmos outros indicadores como saneamento, educação, habitação, o Estado vem apresentando uma evolução. E estamos lutando para melhorar. Dados do Ipea indicam que a pobreza absoluta no Maranhão entre 1995 e 2008 (15 nos) a taxa de pobreza absoluta no estado caiu de 77,7% para 55,9%, uma queda de 22%. A estratégia do governo estadual para os próximos anos é aproveitar as excelentes perspectivas de investimentos, que ajudarão a impulsionar o crescimento do PIB.

Mesmo assim, os índices que são vergonhosos.

O Nordeste como um todo e o país têm problemas profundos dessa natureza. O Maranhão foi abandonado ao longo do tempo pelos recursos do governo federal. Os que chegam são insuficientes. O caso do Aeroporto de São Luís é exemplo. Quando procurei tratar com a infraero sobre a obra, me disseram que as prioridades são as cidades da Copa. Quer dizer, todo o dinheiro vai para a Copa e nós, como ficamos?

Governadora, quando a senhora renovou o mandato em janeiro, prometeu retomar o sistema de administração, com 26 gerências regionais. O que aconteceu que ninguém mais falou delas?

Continua em estudo. Foi um equívoco anunciar naquela época, mas a ideia da descentralização administrativa continua.

Lá atrás a senhora falou em parceria com os municípios em vários setores, como o do ensino. Porque com a prefeitura de São Luís não há parceria?

É um equívoco. Quando é possível, fazemos parceria com a prefeitura, como aconteceu no caso dos agentes de saúde que ameaçavam greve. Fomos procurados e pagamos. O prefeito foi convidado para o lançamento da Via Expressa. Ele é que não foi. Quando se fala em parceria, ela só funciona nos dois sentidos. Em Imperatriz, o prefeito Sebastião Madeira, do mesmo partido de João Castelo, onde tive a pior votação, nós trabalhos em parceria. Ele devolveu o dinheiro que Jackson Lago deixou para o Município e o meu governo já investiu lá até mais do que valor. As UPAs que estão funcionando em São Luís, ajudam a desafogar os hospitais de pronto socorro do município de São Luís. No primeiro dia de funcionamento das UPAs, dos mil atendimentos, apenas nove pessoas ficaram internadas.

E o secretário Max Barros é mesmo candidato a prefeito?

O martelo não está batido, mas ele está se viabilizando. Antes vou conversar com as lideranças do PMDB, deputados, senadores, pois temos vários nomes. Mas o Max Barros agrega muito bem e o meu desejo é que ele se viabilize. Quem trabalhar e se viabilizar no nosso grupo, eu apoio. O sucesso no grupo é que se conversa, se diverge, mas se entende - sem briga. Depois do Tadeu Palácio, o Max começou a ocupar o espaço. Tadeu foi embora, sem explicar o motivo.

O que a senhora achou da queda do Pedro Novais, do Turismo?

Acho que ele foi perseguido desde o começo. Quando foi embora, já estava desgastado em razão do próprio PMDB brigar por espaço. Já o Gastão (Vieira) está mais blindado. Foi escolha da presidente Dilma. A ministra Ideli me ligou antes de definir o nome de Gastão e falei o que tinha que falar.

Como será o quarto centenário de São Luís, com o governo fazendo uma parte a prefeitura outra?

Vou chamar a prefeitura a participar. Assim possamos melhorar a cidade. Quando o Jackson Lago era prefeito, trabalhos juntos, sem maiores problemas. Cada um sem atrapalhar o outro. O único fator negativo que venho agora no relacionamento com a prefeitura, é o eleitoral, em razão das disputas de 2012.
 
Fonte: Jornal O Imparcial
Edição: Cícero Ferraz

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