Dois em cada três habitantes vivem na miséria no município maranhense.
MARAJÁ DO SENA - Um dos temas em discussão na Rio+20 é como acabar com a miséria e garantir o desenvolvimento sustentável ao mesmo tempo. O Bom Dia Brasil foi até a Marajá do Sena, no Maranhão, e mostra como vivem os moradores de uma das cidades mais pobres do país.
Vencer a pobreza é um grande desafio. O curioso nome da cidade se deve, em parte, ao sobrenome de uma família local e também a uma fruta: o marajá.
O nome é até uma ironia diante da realidade. Marajá do Sena pode ser chamada de capital da extrema pobreza no Brasil. Dois em cada três habitantes vivem na miséria, segundo o IBGE.
Dona Francisca, oito filhos e mais um a caminho, mostra a geladeira vazia: "Só tem água mesmo". Para o almoço: "Só arroz mesmo, porque é só o que tem".
O esgoto corre a céu aberto. O saneamento é zero. Muitos moradores sequer têm água encanada. Falta trabalho para homens e mulheres. O secretário de Educação de Marajá, Djalma Maciel explica: “Aqui, a maioria das pessoas vive da agricultura de subsistência: da plantação de arroz, milho, feijão, mandioca”.
Benefícios sociais garantem alguma renda. Mais de 1.400 famílias em Marajá do Sena recebem o Bolsa Família. Mas é difícil romper o ciclo de extrema pobreza.
Paula da Conceição tem 16 anos, duas filhas e está grávida mais uma vez. "É ruim,viu, viver dentro de uma casa com três meninos, uma mulher e um homem e não ter nada, sem trabalhar, sem nada", lamenta ela.
Para o economista Fábio Soares, que estuda o crescimento inclusivo, os programas de transferência de renda são importantes, mas não suficientes. "No caso do Brasil, a gente pode ter certeza que a nossa pobreza se relaciona à desigualdade. Reduzindo a desigualdade, a gente também reduz a pobreza. Em algumas regiões, inclusive, é bem mais fácil reduzir a pobreza reduzindo a desigualdade do que gerando um crescimento elevado", diz Soares.
Cursos profissionalizantes, como um que conhecemos em São Luís, apontam um caminho. As aulas de culinária, oferecidas pelo Governo Federal se destinam a mulheres de baixa renda. "Ela vai aprendendo que com a educação, com a evolução que ela vai tendo do curso, ela pode caminhar sozinha", conta a professora Maria Tereza.
Foi o que aconteceu com a Rosilda. Doceira de mão cheia, ela tem tantas encomendas que criou uma microempresa em casa, com marca e cartão de visita. "A gente tem muito esse desejo, de um dia crescer", comemora.
Conquistas que a doceira registra com orgulho no álbum de retratos.
Fonte: Imirante
Edição: Cícero Ferraz
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