O goleiro Bruno Fernandes de Souza deixou a Penitenciária Nelson Hungria, em Contagem, e chegou por volta de 9h35 para depor à Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa. Ele falará aos parlamentares sobre as denúncias feitas por sua noiva, Ingrid Oliveira, de que uma juíza e um advogado teriam tentado negociar um habeas corpus que facilitaria a fuga do atleta do Brasil por R$ 1,5 milhão. O detentos estava escoltado por três viaturas da Subsecretaria de Administração Prisional (Suapi). O goleiro chorou muito diante do público e da comissão no ALMG.
Detido em julho, ele não deixava o presídio desde dezembro. Bruno será julgado pelo sumiço e suposto assassinato da ex-modelo Eliza Samudio. O depoimento foi requisitado pelos deputados estaduais Durval Ângelo (PT) e João Leite (PSDB), membros da comissão que recebeu Ingrid em 10 de junho, quando as acusações vieram à tona. O advogado de Bruno, Cláudio Dalledone Júnior, também será ouvido.
O deputado Durval Ângelo adianta que quer acabar com qualquer dúvida sobre a relação da juíza da comarca de Esmeraldas, Maria José Starling, com Bruno. Ele sustenta haver provas suficientes que comprovariam a tentativa de suborno, que contaria ainda com a participação do ex-advogado do réu, Robson Pinheiro. Tanto a magistrada quanto o criminalista negam as acusações. “Vamos perguntar a ele sobre o nível de relacionamento com a juíza, o que ela falou com ele, que contatos tiveram e como ele ficou sabendo da proposta e também sobre os contatos com o advogado”, antecipa o deputado.
Um dos contatos conhecidos entre acusado e juíza foi público, em audiência de instrução do processo ocorrida em Esmeraldas, no final de outubro de 2010. Starling reuniu-se numa sala fechada com o jogador depois da audiência.
Audiência
Outra preocupação da comissão, de acordo com Durval Ângelo, é saber com exatidão a percepção do goleiro acerca de ameaças que Ingrid estaria sofrendo, motivadas pela não concretização do suposto acordo. O deputado declarou que os indícios que comprovariam as denúncias “são fortes” e que um pedido de afastamento da magistrada foi impetrado junto ao Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG). O TJ confirmou o recebimento do pedido na semana passada e acrescenta que a corregedoria do órgão apura o caso. A seção mineira da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) também abriu investigação no Conselho de Ética para verificar a conduta do advogado.
Durval Ângelo acrescenta que hoje será apresentado pelo advogado do atleta, Cláudio Dalledone Júnior, um vídeo de 42 minutos em que estariam reunidos Dalledone, Robson Pinheiro, um terceiro advogado, além de outro homem. O encontro, de acordo com o deputado, ocorreu em um hotel de Belo Horizonte. Ele diz que a quarta pessoa aparece nas imagens fazendo ameaças veladas caso o acordo não fosse fechado. A noiva do goleiro contou à comissão que recebeu represálias de um policial civil, cujo nome seria Leandro, depois que o atleta desistiu de pagar o alegado suborno. “Suspeitamos que seja a mesma pessoa”, assinala o parlamentar.
Caso Bruno
Depois de se relacionar com Eliza Samudio em 2009, o goleiro Bruno Fernandes passa a ser pressionado pela mulher para assumir a paternidade de uma criança. No mesmo ano, ela presta queixa contra o jogador na Justiça carioca por agressão e por forçá-la a abortar. Em 9 de junho de 2010, a modelo chega ao sítio do jogador em Esmeraldas, supostamente para resolver a situação. Após o dia 10, ela não foi mais vista. A polícia recebe denúncia anônima em 24 de junho sobre o suposto assassinato, que envolveria outras oito pessoas. A Justiça decreta a prisão de Bruno em 6 de julho. O atleta responde por homicídio triplamente qualificado, sequestro, cárcere privado e ocultação de cadáver, crimes cujas penas somadas variam de 14 a 36 anos de prisão.
Fonte: O Imparcial
Edição: Cícero Ferraz
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