RIO DE JANEIRO - Foram 197 partidas com a camisa rubro-negra. Ora vestindo a 10, com a qual marcou os gols de falta do título do tricampeonato carioca e da Copa dos Campeões, ambos em 2001. Ora com a 43, com a qual comandou ao lado de Adriano o hexa brasileiro. Petkovic se despediu da torcida em jogo com muita emoção e, como mesmo disse, à vera. O Corinthians, que não tinha nada a ver com isso, bem que tentou estragar a festa, regada a mosaico e volta olímpica no intervalo no Engenhão. Empolgado, o sérvio teve boa atuação e saiu sob os gritos de "fica!". Mas não viu o Flamengo vencer. O time ficou no empate por 1 a 1 com o rival paulista, que até então tinha 100% de aproveitamento no Campeonato Brasileiro.
Willian e Renato Abreu, de falta, marcaram os gols para as duas equipes, no primeiro tempo. Com o resultado, o Corinthians, que estava com 100% de aproveitamento e foi superior no primeiro tempo, vai para sete pontos e ocupa a liderança provisória - espera o desfecho da rodada na próxima quarta-feira. O Flamengo, que vencera na estreia e empatara com o Bahia, chega a cinco pontos. Na quarta rodada, o Flamengo vai à Arena da Baixada encarar o Atlético-PR, no domingo. No mesmo dia, o Corinthians receberá o Fluminense no Pacaembu.
Timão assusta
O mosaico feito pela torcida rubro-negra com as cores da Sérvia, que depois se transformava na bandeira do Flamengo, certamente fez o meia sérvio fazer uma viagem no tempo e se lembrar quando, com nove anos, em Madjanpek, brincava de bater bafo-bafo e conseguir a figurinha do ídolo Zico para preencher o álbum da Copa do Mundo de 1982. Agora, estava ali, no mesmo clube do maior camisa 10 da Gávea, despedindo-se dos campos.
Ronaldinho Gaúcho, o novo astro, deu a Pet a braçadeira de capitão. Os jogadores entraram todos com o nome do sérvio às costas, em mais uma homenagem. Mas o Corinthians não queria saber de festa para o sérvio. Por pouco não botou água no chope logo na saída. Aos 40 segundos, Willian, de fora da área, fez Felipe bater roupa. No rebote, Liédson, ex-Flamengo, obrigou o ex-goleiro corintiano a fazer grande defesa.
Estava claro, ali, que a intenção do técnico Tite era se aproveitar do cllima festivo da despedida de Pet. Com três atacantes, forçava o jogo explorando a velocidade. Principalmente do camisa 9 e de Jorge Henrique, de volta à equipe, que se aproveitou de falha de marcação da zaga rubro-negra e perdeu a segunda chance de gol em menos de cinco minutos.
Era questão de tempo para o Timão abrir o placar. Ralf e Paulinho bloqueavam as jogadas ofensivas do Flamengo e alugavam o meio-campo com a boa quantidade de desarmes. Danilo virava bem o jogo pelas laterais. Pelo lado direito, Weldinho fazia sua estreia e entrava para a história na despedida de Pet: levou vantagem sobre Egídio na arrancada e centrou na medida para Willian, mais rápido do que David Braz, tocar sem defesa: 1 a 0 Timão, aos 18 minutos.
Boas jogadas de Pet
O autor do gol, por sinal, era um dos que apresentavam futebol rápido e insinuante. A zaga do Flamengo voltava a mostrar as velhas falhas individuais e de colocação. De volta à equipe, Léo Moura, sem ritmo, estava lento nos avanços. Egídio, que no começo apoiava bem, sentiu o baque das vaias após a jogada do gol corintiano. As melhores jogadas saíam dos pés de Ronaldinho, aberto pela esquerda mas pouco acionado, e Petkovic.
O sérvio, que bateu bem quatro escanteios, chegou a tabelar algumas vezes com R10 e fez três belíssimas jogadas:na primeira, entrou driblando na entrada da área; na segunda, deu drible desconcertante em Ralf na intermediária rubro-negra; e, por último, voltou a ser o belo garçom como em 2001 e 2009, quando rolou a bola para Wanderley. O atacante chegou uma fração de segundo depois do goleiro Julio Cesar, que saiu muito bem para cortar o lance.
Faltava, para Pet, dar adeus aos gramados sem ver o time derrotado, ainda que parcialmente. Foi aí que o sérvio ganhou um presente. Ronaldinho caiu na meia direita após dividida com Fábio Santos. O árbitro Héber Roberto Lopes interpretou como falta. O camisa 43 se colocou para bater, a torcida pediu, mas foi Renato Abreu quem cobrou - dessa vez colocado, à la Pet, e meteu no ângulo esquerdo, sem defesa, aos 39.
O Corinthians merecia vencer nos primeiros 45 minutos, mas Pet também merecia aquela vibração. Foi o primeiro a correr em direção a Renato para abraçá-lo, como que agradecendo pelo gol, e despediu-se com um empate nos primeiros 45 minutos e sob os gritos de "Fica!" da torcida na volta olímpica.
Ronaldinho cresce
Após as homenagens, com direito a placa da presidente do clube, Patrícia Amorim, Pet saía emocionado de campo. Na volta do intervalo, Renato Abreu explicava que deixara o camisa 43 à vontade para bater a falta, mas o próprio homenageado preferiu que o volante fizesse a cobrança. E já com Negueba no lugar do sérvio na segunda etapa, o Flamengo abriu mais o jogo pelas laterais.
O Corinthians continuou ofensivo. Resumo: as duas equipes tiveram chances de abrir o placar logo no início em bolas aéreas. Renato Abreu e Liédson pararam nas boas intervenções dos goleiros. A equipe paulista sofreu uma desvantagem: numa dividida com Felipe, Liédson se contundiu e pediu substituição. Tite lançou Edenilson. O time caiu um pouco de rendimento, mas ainda levava perigo com Willian.
Luxemburgo trocou Wanderley, apagadíssimo, por Diego Maurício, que pouco depois recebeu passe açucarado de Ronaldinho Gaúcho, mas, fominha, não devolveu e desperdiçou a chance ao bater cruzado, para fora. R10, que crescia na partida pela direita, reclamou, e por pouco não desempatou a partida ao girar sobre o marcador pelo meio e bater na trave.
Tite mexeu na armação corintiana: trocou Danilo, cansado, por Morais, para tentar tirar o time do sufoco. Depois, tirou Jorge Henrique, cansado, para promover a estreia de Emerson, o Sheik. O Fla até pressionava, mas esbarrava na fraca atuação de Negueba, que errava todas as jogadas individuais. Na tentativa de melhorar o avanço pelo lado esquerdo, Vanderlei Luxemburgo pôs o estreante Júnior César no lugar de Egídio, que acabou saindo aplaudido.
Visivelmente cansado, o Corinthians tentava segurar uma pressão rubro-negra que também não se traduzia em oportunidades de gol. No finalzinho, foi Leandro Castán que se aproveitou da fragilidade da zaga rubro-negra pelo alto para quase marcar de cabeça o gol da vitória - Felipe salvou à queima-roupa. Não dava para mais nada. O empate estava de bom tamanho.
Fonte: Imirante Esportes
Edição: Cícero Ferraz
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