Marajá do Sena - Localizado a 350 quilômetros de São Luís, o município de Marajá do Sena encontra-se isolado e praticamente abandonado pelo Governo do Estado, segundo informam políticos locais, que se dizem indignados pelo isolamento da cidade por conta do precário estado de conservação da rodovia MA-323, uma via estratégica para o município de pouco mais oito mil habitantes.
O vereador Gildomar Rodrigues (PRTB), o “Gildo”, tem defendido que, em meio à polêmica em torno de mais um empréstimo de R$ 2,3 bilhões, solicitado ao Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), o governo aloque parte desse recurso para concretizar as obras da MA-323. O vereador lembra que em 2010, a MA era para ter sido contemplada com o último financiamento feito pelo estado junto ao banco estatal.
Em 14 de setembro de 2010, o governo anunciou no Diário Oficial do Estado uma licitação para pavimentar a MA-323, que liga a sede de Marajá do Sena ao povoado de Nova Olinda, mas a obra nunca saiu do papel. Ela seria realizada com os recursos do empréstimo de 900 milhões solicitados ao BNDES. Até hoje a população sofre com as condições precárias dessa MA, onde, em pleno século XXI, cidadãos são transportados em redes porque automóveis como ambulâncias, por exemplo, não têm como trafegar”, reclama o parlamentar.
Segundo o ex-prefeito Perak Roberto, há anos a população de Marajá sofre com a situação da MA- 323 e nada é feito para solucionar o problema. Perak afirma que o governo do Estado deveria aproveitar o novo empréstimo que está sendo solicitado ao BNDS e solucionar de vez os transtornos causados pelo estado em que se encontra a rodovia.
“A situação é crítica em todos os aspectos. O município de Marajá do Sena não tem como planejar o seu futuro sem que a MA-323 seja efetivamente construída e devidamente pavimentada, pois o que temos atualmente está longe de ser considerada uma MA. O município e a população necessitam dessa obra, pois milhares de pessoas, entre crianças, jovens e idosos, têm sofrido com essa situação”, afirmou.
Cobranças – Segundo o vereador Gildo, a população tem cobrado da prefeitura a construção da MA-323, sem o devido conhecimento de que se trata de uma obra de competência do governo do Maranhão. “A prefeitura tem feito o possível para ao menos disponibilizar tratores para ajudar a tirar os carros que ficam no atoleiro na época das chuvas, mas isso não resolve. Estamos pedindo socorro, essa é a verdade”, desabafou.
O vereador fez questão de lembrar também que a situação da comunidade é humilhante e que a cidade está isolada da região porque a estrada efetivamente não existe. Ele apela que alguma solução seja tomada pelo poder público estadual no sentido que Marajá do Sena seja contemplada com as obras de estadas vicinais.
“Não aguentamos mais esse sofrimento, essa humilhação. Mês passado, o pai de uma moradora morreu de ataque do coração, aos 86 anos, e tivemos que carregá-lo por mais de cinco quilômetros em uma rede. Estamos isolados do mundo e só ouvimos promessas do governo e nada mais”, assegurou.
A MA-323 é a principal via de acesso ao município de Marajá do Sena. A única alternativa que a população tem para chegar a outras localidades é através do Rio Grajaú, uma viagem que chega a durar quase 6 horas de barco.
Além dos transtornos causados aos produtores locais, que não têm como escoar a produção, a situação da MA-323 causa outro grave problema: merendas não chegam às escolas da região, bem como os medicamentos nos postos de saúde, conforme Gildo.
As reclamações de pais de alunos são constantes quanto à falta ou atraso da merenda escolar por conta das condições de trafegabilidade da MA-323. “Nossas crianças não se alimentam direito porque a merenda escolar demora a chegar e quando chega é no lombo de animais porque nenhum carro consegue chegar ao nosso povoado. A mesma coisa acontece como os remédios que não chegam aos postos de saúde e muitas pessoas chegam até morrer”, finalizou o vereador Gildo.
Fonte: Jornal Pequeno
Edição: Cícero Ferraz
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