O ministro Aloizio Mercadante (Educação) reforçou na manhã desta quinta-feira que vai mudar o modelo de correção da redação do Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) para dar mais "objetividade" ao processo.
As declarações foram dadas após participar do programa de rádio Bom Dia Ministro, produzido pela Secretaria de Comunicação Social da Presidência.
O ministro já havia dito em entrevista à Folha, em fevereiro, que iria mudar a metodologia da correção da prova.
Apesar de ainda não informar quais serão as mudanças, Mercadante disse nesta quinta-feira que um dos focos era atacar a "subjetividade" da correção.
"Nós vamos mudar os critérios de correção das provas, porque a redação sempre tem um caráter subjetivo em algum momento", disse o ministro.
"Quanto menor for a dispersão das notas, quanto mais objetividade e mais segurança nós dermos aos alunos, melhor para a valorização do Enem", completou.
O ministro reforçou que vai anunciar a mudança dos critérios após o trabalho de uma comissão de especialistas que foi formada para discutir a prova.
A redação foi um dos aspectos mais contestados no último Enem, com uma série de ações judiciais. Atualmente, essa prova passa por dois corretores. Se a diferença nas notas for superior a 300 pontos, um terceiro dará o índice final.
No entanto, houve casos de alunos com três notas totalmente diferentes --inclusive todas com diferenças superiores a 300 pontos.
Mercadante também ressaltou que representantes de 24 universidades federais estão trabalhando "em rede" ao longo desta semana para aumentar a quantidade de questões do Banco Nacional de Itens.
Em entrevista à Folha, o ministro disse que seriam necessárias 50 mil questões no banco para evitar problemas no Enem --existem atualmente cerca de 6 mil.
PISO SALARIAL
Durante o programa Bom Dia Ministro, Mercadante também voltou a defender o piso salarial para o magistério --que subiu para R$ 1.451 na segunda-feira, uma alta de 22,22%.
Governadores e prefeitos foram a Brasília nesta semana pressionar pela aprovação de um projeto de lei que prevê a mudança do índice de reajuste para o INPC (Índice Nacional de Preços ao Consumidor), que fechou o ano passado em 6,08%.
O ministro pede que prefeitos e governadores paguem o piso ou que busquem um entendimento para evitar greves na rede pública. "O apelo que eu faço é que se busque o entendimento e evite a greve porque quem paga a conta é o estudante".
Mais tarde nesta quinta-feira, após cerimônia da entrega do prêmio a vencedores da olimpíada de matemática da rede pública, Mercadante disse que um piso forte é a única forma de trazer bons profissionais para o magistério.
"Nós reconhecemos que há dificuldades nas prefeituras, em alguns estados mais por conta do perfil da carreira do magistério que precisa ser reformada. Mas é indispensável que o piso continue a crescer no Brasil. Se nós quisermos motivar bons profissionais para serem professores, tem de melhorar o salário", disse o ministro.
Até então, o ministro evitava comentar o projeto de lei que prevê a troca do índice de reajuste pelo INPC, dizendo apenas que defendia um crescimento.
Questionado sobre esse assunto, Mercadante criticou indiretamente o projeto afirmando que o crescimento precisa ser acima da inflação.
"Se não crescer acima da inflação, significa que nós não vamos ter aumento real ao longo dos próximos anos e tem que continuar tendo aumento real progressivo, sustentado", disse o ministro.
"Podemos discutir qual deve ser esse aumento, mas não ter nenhum aumento significa estabilizar o piso em um patamar que já é muito maior do que tínhamos, mas ainda é insuficiente", completou. Mercadante voltou a dizer que defende que um terço dos royalties do pré-sal seja destinado para educação, ciência e tecnologia.
Fonte: folha.com
Ediçao: Cicero Ferraz
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